21 de jun. de 2010

Expor escultura urbana em Salvador requer paciência por parte dos artistas

O processo para um artista expor seu trabalho nas ruas de Salvador pode não ser tão simples. O problema começa pelo fato de não existir na Prefeitura um órgão específico responsável pela emissão de autorização. Em contato com três órgãos apontados como responsáveis, Fundação Gregório de Matos (FGM), Superintendência de Meio Ambiente (SMA) e a Secretaria Municipal de Serviços Públicos (SSP), as informações a respeito da responsabilidade de cada um não são exatas. Segundo informações da Fundação, o artista que tem interesse em expor alguma obra na cidade precisa escrever um projeto para o órgão, que fará a análise, mas encaminhará para a Superintendência para apreciação final. A Superintendência, por sua vez, diz que a SSP que é a responsável por qualquer autorização que envolva a utilização do espaço público. A SSP disse que não é responsável pela autorização dessas intervenções.

Embora a FGM afirme não ter autoridade suficiente para dar parecer final, encaminhar o projeto ao órgão é o processo mais natural, informa Antonio Andrade (Almandrade), arquiteto da Fundação. Ele acrescenta ainda que o órgão é responsável também pela verificação da parte estética das obras, para que algumas esculturas, ao invés de contribuir com o ambiente, não o polua.

Locais com esculturas em Salvador - BA


Visualizar Esculturas Urbanas de Salvador em um mapa maior

20 de jun. de 2010

Do nada nasce uma artista



Ela nasceu do nada, mas virou uma artista plástica de mão cheia. Esculturas de madeira são suas principais obras, mas a mulher de fibra não deixa de lado a oportunidade de pintar o que lhe vem à cabeça. A senhora de 65 anos, de aproximadamente 1,40 m de altura, tem mania de fazer coisas grandes. Quando avistadas as esculturas pequenas no interior de sua casa, ela logo retruca: “não são minhas!”. “Eu coloco uma escada e começo a trabalhar”, completa.

A buzina da casa toca, os quatro cachorros de raça fila correm para o portão e começam a latir. Dona Wanda ainda tem alguns minutos para sair do interior de sua nobre casa para chamar os cães para dentro e poder atender a portão. Ao entrar, a sensação é de estar numa espécie de chácara. Árvores, banquinhos, passarinhos cantam e os frutos caem dos galhos como se fossem por vontade própria. A casa é toda decorada com as esculturas de madeira que Dona Wanda esculpiu ao longo da sua carreira de mais de quarenta anos. A porta, o bar da sala e alguns dos bancos foram todos feitos por ela. A artista plástica se mostra simples e de bom humor. Uma passadeira na cabeça, um short leve para andar pela casa, um sapato confortável e lá está ela pronta para arrastar qualquer obra que chega a pesar mais de 4 kg. Inclusive, os “móveis” da sala nunca ficam por muito tempo nos mesmos lugares. Esses mesmos móveis – as esculturas de madeira – são pesadas, mas nada que a feitora não possa arrastar. “Ah, meu filho, pé de galinha não mata pinto”, disse referindo-se às suas crias.

Sim, ela nasceu do nada. Wanda do Nada, é como ela foi registrada, e o usa como nome artístico. Acontece que seu avô, quando foi dar o nome ao seu primeiro filho – pai de Wanda, Astor Valdir – quis escolher algo fora do normal. Segundo a artista, a maioria dos parentes tem sobrenome Brasileiro. Mas o avô não queria o convencional. Pensou: “do Nada”. “Os integrantes de minha família são parentes de sangue, mas não de nome”, explicou em tom irônico.

Tudo começou por volta de 1957. Wanda, proveniente de Valença-BA, sempre esteve ligada à arte. “Desde que me entendo por gente que eu gosto de desenhar”, disse. Ainda no interior da Bahia, na época da escola, quando observava a irmã desenhar jogadores de futebol, Wanda também começava a desenhar. “Ah, minha irmã gostava de desenhar os jogadores, mas eu nunca consegui. Eu desenhava outras coisas”. Por incentivo de uma prima do pai, Wanda foi trabalhar com ela em um salão de beleza. Ela contou que não era feliz no que fazia. Às vezes deixava o trabalho de lado e começava a desenhar. Foi quando, em um certo dia, um representante de cosméticos a viu desenhando e pediu para dar uma olhada. Ficou fascinado pelas obras de Wanda do Nada. “Menina, porque você não vai para Salvador estudar na Escola de Belas Artes”, citou a fala do representante com feição de curiosa. Wanda tinha apenas 16 anos nesse dia. A ideia do rapaz que mudou a sua vida ficou “passeando” em seus pensamentos. A prima queria que ela fosse fazer curso de cabeleireiro em Salvador, mas Wanda não quis, mesmo com todos os custos bancados. Nessa mesma época, o irmão dela já morava na capital baiana. Foi quando ela teve a iniciativa de ligar para ele, que aceitou na mesma hora que ela fosse embora. Moraram na casa de parentes, Wanda trabalhou em uma farmácia, quando conseguiu entrar para o curso livre da Escola de Belas Artes da UFBA.

E Dona Wanda continua a empurrar esculturas para poder mostrar todo o processo artístico. Já chegou a ficar mais de vinte anos em uma mesma obra. A porta de sua casa, por exemplo, demorou este tempo para ficar pronta. Só terminou há aproximadamente dois anos e meio. Sentada em um dos bancos feitos por ela, a artista se sente muito aconchegada pelos dedos esculpidos na obra. É uma cadeira em forma de mão, onde o recosto são os dedos. E senta em outra. Dessa vez, uma mulher está agarrada ao banco. “Você senta e ela te abraça”, falou se sentindo muito confortável.

Outra pessoa entrou na vida de Wanda do Nada. Um rapaz que tinha influências na Escola de Belas Artes. Viu os desenhos da artista e conseguiu realizar o sonho da valenciana. Na escola, começou a fazer desenhos em gesso e carvão. “Eu adorava e ficava besta com as aulas e quando eu fazia meus próprios desenhos”, relembrou com nostalgia. Mas Dona Wanda queria mais. “Eu fui a única a fazer esculturas. Comecei antes de todo mundo. Isso que me dava prazer de verdade”. Ela foi contemplada com uma medalha e uma passagem para o Peru pela obra “As escravas”. Wanda passou muitos anos estudando. Contou que passou mais de 20 anos lá dentro. O prêmio chegou quando ela tinha 27 anos. Mesmo assim, não quis viajar para tão longe, pois não se sentia segura para viajar sem a companhia dos pais. “Apesar de ter 27 anos naquela época, eu me achava uma criança. Não conseguia sair da barra da saia de minha mãe”, contou. “As pessoas me chamavam de besta, dizendo que eu tinha perdido a passagem. Mas como é que eu perdi a passagem se eu nunca a tive?”, completou.

Ela nunca tem em mente o que quer fazer com a madeira. Mas é só colocar o tronco na sua frente que a ideia frui. “A madeira fica na minha frente e eu vou imaginando o que pode virar. Mas aí, se chegar outro tronco, eu já imagino outra coisa, vou pra esse outro, começo a desenhar e já esqueço o anterior. Por isso levo tantos anos para terminar uma só obra. Mas o prazer mesmo é o processo na hora do fazer”, contou a artista que nunca fez uma exposição. Para tal, é necessário um patrocínio. Mas a pequena notável artista tem importantes obras vendidas para França (uma de 600 kg) e Suíça, além de uma parede inteira do Foyer do Teatro Castro Alves, que ainda está no local, feito em parceria com Carybé.

Sua primeira obra foi uma indígena, sem nome, pois Wanda não costuma colocar nomes nas obras que faz. Uma certa vez, voltando para casa depois de mais um dia de estudo na EBA, passou por um matagal. Ficou curiosa com algo que estava entre os matos. Adentrou e percebeu um tronco grande na sua frente. Não hesitou em pedir ajuda de um carro para tirar o tronco do local. Ela levou para casa e começou a trabalhar. Saiu a primeira obra de muitas outras, que ajuda na decoração de sua casa até hoje. Apesar de não dar nomes, a obra vendida para França foi denominada “Os retirantes bem nutridos”, pois tem pés grandes, trouxa nas costas, uma mulher grávida segurando a barriga e a criança carrega uma panela consigo. “Eu não gosto de retratar miséria, pois é feio. A gente já tem tanta coisa ruim no mundo e ainda vou fazer algo feio? Não”, falou em tom de revolta.

Wanda do Nada sobe e desce as escadas da sua silenciosa casa quantas vezes for preciso sem se cansar. Casada há 31 anos com um francês, naturalizado canadense, a artista divide a casa com ele que é mais velho 20 anos e com a filha, que está para começar uma pós-graduação em São Paulo. A falta de tempo hoje para suas esculturas se dá por conta da mãe, que necessita de cuidados especiais e visita sua casa duas vezes ao mês, e do marido que tem alguns problemas de saúde. Mas isso não faz com que as esculturas fiquem de lado. Um galpão do lado de fora da casa guarda as obras inacabadas. Algumas com muita poeira e bichos de madeira, mas nada como o tempo para que Dona Wanda as termine.

Wanda do Nada, artista plástica teve seu êxito nas obras. Conseguiu conquistar admiração de Jorge Amado, Carybé e Mirabeau Sampaio (ex professor de Wanda na EBA). O poeta baiano, inclusive, já citou a artista em uma de suas obras. Jorge escreveu nas suas humildes linhas de um livro que “ninguém acreditava que uma mulher tão pequena fazia grandiosas obras”.

19 de jun. de 2010

"Capoeira"

Escultura em homenagem à capoeira. Foi produzida em ferro e está exposta na  calçada da praia do Rio Vermelho. No local não há informações do artista e os entrevistados não souberam informar.

"Cachorro reciclado"

Essa escultura está localida logo ao lado do "Soldado" e do "Homem-madeira", todas no Rio Vermelho. Por sinal, vale a pena destacar, esse bairro boêmio ostenta uma quantidade expressiva destas peças. Nada mais justo, pois o local é bem histórico e palco de grandes festas populares da Bahia.

O material utilizado pelo artista foi garrafas de refrigerante. A natureza, com certeza, até hoje agradece.
Quem tiver informações sobre o responsável e o verdadeiro nome, manda pra gente!

"Soldado"

Esta esculturas estão também no bairro do Rio Vermelho, mas ainda não conseguimos descobrir o nome e o artista. As pessoas que perguntamos no local não souberam dizer. Produzida com madeira e algumas partes de ferro.

Quem tiver maiores informações, manda pra gente atualizar aqui no Esculturas Urbanas.

"Homem-madeira"

Esta esculturas estão também no bairro do Rio Vermelho, mas ainda não conseguimos descobrir o nome e o artista. As pessoas que perguntamos no local não souberam dizer. É feita de madeira e algumas partes de ferro, como as pernas. Chama a atenção de todos que passam ou frequentam o local.

Quem tiver maiores informações, manda pra gente atualizar aqui no Esculturas Urbanas.

Homenagem aos pescadores

Esta escultura está localizada no Rio Vermelho, ao lado da mais famosa colônia de pescadores de Salvador. Simboliza as barbatanas ou nadadeiras ,presentes em muitos animais aquáticos e como a região é reduto dos homens que se arriscam diariamente no mar, nada mais oportuno e adequado. Para o artista plástico Dimitri Ganzelevitch, esta escultura tem uma representação ainda maior da cultura, sobretudo pelo formato e pelo local onde foi colocada, de forma a contribuir, completar o ambiente.

Cetro da Ancestralidade

Autoria de Mestre Didi, o Cetro da Ancestralidade está localizado na Avenida Oceânica, Rio Vermelho. Foi produzida em 2001, em bronze, com utilização de técnica chamada fundição. Possui 7m de altura e é um marco da herança africana. Foi implantado de forma a ter no fundo a linha do horizonte, que aponta em direção à África.

Desabafo...

Essa escultura é muito interessante. Ela fica posta na entrada do bar Desabafo..., que fica localizado no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. Tornou-se, digamos, nosso mascote. Ele não só dá ao ambiente do bar um tom musical, mas reflete também o clima musical das boates e live pubs que existem espalhados por toda a região. Ainda não descobrimos se o "guitarrista" foi batizado com algum nome específico. Se algum frequentador do bar souber, manda pra gente.